Imagine ter um dos filmes mais famosos dos estúdios Disney, e precisar criar sua continuação para milhares de fãs ávidos por mais histórias de Simba. Essa foi a missão dada aos roteiristas dos estúdios Disney. Novos diretores e uma nova equipe para continuar uma história querida por fãs, sem que a essência do filme original se perdesse.
Para quem não conhece a história; O Rei Leão 2 nos leva de volta às Terras do Reino para mostrar não somente o reinado de Simba, mas também para nos apresentar à princesa Kiara, uma filhote brincalhona que muito lembra o pai na infância. Mas nem tudo eram flores após a ascensão de Simba, e este, em minha opinião, foi o golpe de mestre dos roteiristas. Havia um restrito grupo de leões que não aceitava a soberania de Simba e mantinha-se fiel ao antigo rei Scar. Esse grupo de leões exilados (a Disney não deixa claro o porquê do exílio, mas uma possibilidade é o apoio ao rei usurpador) é liderado pela ardilosa Zira, uma leoa obcecada por Scar, cujo filho, Kovu foi escolhido pelo próprio maligno rei, para assumir seu lugar no trono. Zira amarga o retorno de Simba e deseja incessantemente tomar seu trono, para entregá-lo a Kovu. Para complicar as coisas, ainda na infância, Kovu e Kiara tornam-se amigos e desafiam a vontade dos pais para estarem juntos. Maliciosamente, Zira vê na amizade das duas crianças a oportunidade para o regresso ao poder e cria em Kovu, um monstro amargo que apenas deseja usar Kiara para chegar até Simba e reclamar seu trono. No desenrolar da história, por intermédio de Rafikki, Mufasa cria um plano contrário ao de Zira, desejando unir Kovu e Kiara, e assim, unir o reino dividido.
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Apresentação de Kiara, filha de Simba.
Kovu e Kiara brincam, observados por Zira.
Zira e Kovu, herdeiro de Scar. A semelhança com o antigo rei não é apenas coincidência.
Segundo alguns produtores do filme, o pano de fundo para continuação de O Rei Leão é Romeu e Julieta e Sob O Domínio do Mal, história cujo filho é manipulado pela mãe doentia. Mas além do enredo central, podemos perceber uma ligação real de emoções com o primeiro filme. Apesar de seguro em seu posto como rei, Simba ainda luta para estar à margem do grande rei que fora seu pai, Mufasa. E por meio de um sonho, conseguimos perceber como ainda guarda o trauma da trágica morte de Mufasa e mágoas pelo assassino Scar. Ao longo do filme, é visível como Mufasa usa a presença de Kovu para confrontar os temores de Simba. Por sua vez, Kiara lembra ao pai os ensinamentos e valores que quase se perdem para Simba. Kiara aliás, sofre constantemente com superproteção de Simba, que mina totalmente a liberdade da jovem leoa, por suas inseguranças. Kiara representa a pureza e leveza que um dia, o próprio Simba tivera. Sempre apoiada por sua mãe Nala, a princesa Kiara vive constantemente conflitos com pai, mas por fim, a leoa com sua simplicidade relembra ao rei, ensinamentos esquecidos por ele. Ensinamentos como o amor que une todas as coisas.
Perdão, superação e união. Para mim, estes são os três pilares de O Rei Leão 2. Pois, apesar do fim épico do primeiro filme, é claro que muita coisa ainda precisava ser curada. "Às vezes o que fica para trás pode crescer melhor do que a geração anterior, se derem uma chance". Essa frase de Simba para Kovu mostra como o renovo só pode vir com o perdão, e como um novo reino só pode se firmar, após superar totalmente as mazelas do antigo.
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| Simba ensina uma lição a Kovu. |
As pinturas e cenários presentes no filme continuam marcantes e exuberantes. A abertura com o tema do original "He Lives In You" (Deixar Brotar em português) é dançante e profunda, e remete a toda glória de um filme de reis. As canções aliás, são belíssimas, e casam perfeitamente com as lições que o filme pretende passar. Uma de minhas favoritas "Somos Um" ensina sobre as lutas da vida e a importância da união frente às dificuldades. Outra belíssima canção "Upendi", que significa amor no dialeto africano Suaíli, mostra o poder do amor que supera as diferenças.
Abertura do filme com canção "Deixar Brotar"
Há quem critique O Rei Leão 2, dizendo ser uma história fraca perto do original. Eu discordo, acredito que houve um grande trabalho para se amarrar as pontas soltas do primeiro longa e fechar pontos em aberto. Há falhas sim, como por exemplo, Sarabi mãe de Simba, ausente sem maiores explicações. Ou talvez, um personagem ou outro que poderia ter aparecido mais, porém, pra mim a única falha dos estúdios foi não ter lançado o filme para as telonas. Sei que as continuações das animações Disney, em sua maioria, são criadas para comercialização direta em DVD e Blu-Ray, mas conhecendo O Rei Leão, tenho certeza de que sua continuação teria uma boa bilheteria!
Bom, esse foi mais um post do Especial Vinte Anos de O Rei Leão. Na próxima, vou tratar de O Rei Leão 3 - Hakuna Matata.
Aos fãs, sugiro que aproveitem as datas comemorativas da franquia e reveja os filmes!
Tiago Leão
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